-21:20-


O ônibus da moça tava parado, mas pronto para sair. A moça tinha um moço com ela, segurando sua mão. E foi assim que atravessaram a rua, correndo. Descobri mais tarde que ele nem ia para aquela direção, só fez mesmo a travessia com ela, de mãos dadas, correndo contra o tempo.
O sinal fechou. Ele lhe deu um beijo. Uma despedida às pressas.
E que ela corresse. Sozinha agora. O moço olhou pra ela um pouco, mas logo virou as costas e seguiu na direção oposta.
A moça conseguiu pegar seu ônibus.
Eu na janela fiquei torcendo para o rapaz olhar para trás.
Ele não olhou.
Alguém mais viu essa corrida, essa ternura, essa partida?
A lua que não viu: tava nublada.
Eu também tinha estado nublada, mas me abri a tempo de ver esse momento que resume um pouco da vida.
A gente corre de mãos dadas um pouco, porém mais um pouco, a gente solta. Podendo olhar para trás não olhamos. E só vamos.

-M. Y.

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