Embora

Não te vejo, não te sinto, não te ouço, não mais te sei . Será para quem de nós que chegou o fim?
Tenho um palpite.
E, como uma carta aberta meu peito sempre foi. Eu digo ao vento esse amontoado de coisas que nunca te chegarão ao ouvido.
Digo ao vento que você me assombra. Digo ao vento que ecoam tuas frases, teus trejeitos são miragens, e tua falta é uma amarga surpresa que me pega no meio do dia e me fere. E me dói. E me joga na cara que não terminou ainda.
Para sair do outro lado eu vou ter que atravessar.
Vc fica desse lado. Eu vou pro outro.
Da mesma forma que te vi sumir na esquina, sob a luz trêmula do poste cercada por mariposas, te verei de relance numa manhã de garoa. Ninguém dirá palavra.
E as músicas que eu te dediquei. E o tempo que perdemos, ou gastamos.
E minhas crises que te feriram. Meus fantasmas que te afastaram. Pra longe, bem longe.
E as vezes que fugi, que larguei tua mão. E as vezes que você não veio me procurar.
E o peso que eu fui ganhando.
Um pêndulo. Um passo para frente três para trás. Dava pra te ver cansado. Areia movediça. Te engoliu.
Se eu fosse você talvez também não ficava não.
Deixava só a presença da tua falta.
A falta da tua presença.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

o presente não existe